quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A greve e o ask.


Ah, os dias de greve. Aqueles dias em que um estudante acorda ansioso, com a cabeça cheia de esperanças de chegar à porta da escola e ver um cadeado a prender firmemente os portões, como quem diz "não caralho, hoje não aprendes nada. Hoje vais para casa e passas o dia a jogar computador e a comer bolachas. E é se queres!". E como sabe bem chegar à escola e ver que as esperanças não se limitavam as sonhos, e o matacão de ferro está ali, a pender da corrente como os tomates descaídos de um velhote.

Mas há uma coisa que sabe melhor ainda: esquecer-se que é greve e, mesmo quando se está a abrir a porta de casa para ir para o autocarro, receber uma sms a dizer "a escola ta fechada por causa da greve".
Isto, meus senhores e minhas senhoras, é a matéria de que os sonhos são feitos. Não perdi mais tempo. Atirei a mochila para cima da cama, e comecei a pensar em todas as coisas interessantes e produtivas que podia fazer hoje. Talvez começar a escrever um livro. Talvez ver um filme ou uma série. Talvez até, quem sabe, fazer uma loucura e limpar o quarto. Mas não fiz nada disso (e graças a deus que não). Dei 2 passos a pensar em todas essas porcarias, e lembrei-me que tinha um computador.

Foi tiro e queda. E até que soube bem, porque ao fim de uma ou duas horas a almofada da cadeira ficou quente e já não sentia tanto frio. Aliás, hoje percebo porque é que já ouvi dizer que tampos de sanita aquecidos são a melhor invenção da humanidade depois da roda. Ter o rabo quente é, além de relaxante, um prazer único, quase elitista, reservado apenas àqueles com tempo livre suficiente para sentir a emanação de calor da almofada que eles próprios aqueceram. Esperemos é que não sintam também as emanações que usaram para a aquecer.
E pronto. Passei o dia no PC. A fazer o quê? Pois bem, nada. Nada de nada. Joguei um bocado de LoL, e nos intervalos dos jogos, enquanto acalmava os nervos provocados pelos burros dos meus colegas de equipa aleatórios, navegava pelo perigoso mar das redes sociais.

O que nos leva ao segundo tema de hoje: o ask.
Pois bem, recheado de puro aborrecimento, mas com demasiada preguiça e demasiado frio para levantar o cu da cadeira (note-se, a cadeira estava QUENTE. Já viram a quantidade de energia que ia ter de gastar para a reaquecer? Ou, pior ainda, para aquecer OUTRA almofada onde me sentasse? Não tinha jeito), resolvi mergulhar na onda do ask.

Por acaso já tinha conta lá à algum tempo. E ir aos perfis de algum pessoal, deixar as perguntas mais retardadas possíveis e trollar o pessoal que usa aquilo já é um hobby meu há algum tempo. Mas pronto. Não tinha nada que fazer, por isso mandei umas perguntas, com o anónimo desligado, a um ou outro amigo que também por lá deambulam. Aliás, nem eram perguntas. Na sua maioria foram observações prespicazes quanto às perguntas que outros trolls (ou não!) deixavam.
Até que o impensável aconteceu. Aquele pontinho de interrogação no cimo da página adquiriu um 1 ao lado. A medo carreguei no símbolo, e vi a pergunta mais original, mais fantástica, mais incrível e bem pensava de todo o sempre:

"olha, como consegues ser tão feio?"

A qualidade, a originalidade, a fucking incrívelidade (isto é palavra?) desta pergunta, deixou-me quase sem palavras. Chamar a alguém feio através de uma pergunta... é de génio! O gajo que fez isto é um motherfucking génio! Acreditem que nunca seria capaz de fazer isto! Aliás, caro anon, se estás a ver isto, contacta as Produções Fictícias, meu. Tu tens futuro no ramo da comédia! TU podes ser o próximo RAP!
Bem, face a esta terrivelmente engenhosa e complexa pergunta, tive de considerar as minhas hipóteses. Assumi que ignorar era dar parte de fraco, admitir que, de facto, era feio. E isso nunca iria acontecer. Gosto demasiado da minha mãe para sequer pensar em considerar-me feio. Agora a base estava em responder com texto ou com vídeo.

Optei pelo vídeo. O raciocínio era simples: se sou feio, deixo-os queimar as retinas, se não sou feio (a opção óbvia, como é claro), eles ficam na merda porque chamaram feio a um gajo todo bom.
E parece que o meu plano para me vingar destes inteligentes malfeitores, destes génios do crime, destes mestres do insulto, funcionou. Porque uns 15 minutos depois tinha alguém a pedir-me para fazer um vídeo a mostrar o que tinha vestido.
Achei isto estranho, mas vi aqui uma bela oportunidade para trollar. Sentindo-me como os maquiavélicos masterminds que, momentos antes, me tinham chamado feio, dei a entender que estava nu à frente o computador.

Ainda bem que não estava, porque se estivesse, a pergunta-resposta deles tinha-me feio cair os tomates.

"fazes um vídeo como estás então :b"

Isto inspirou-me. A sério que sim. Querer ver-me nu é algo normal, natural até, agora ter coragem para o admitir, aliás, para PEDIR para ver o meu sensual corpo pelado numa rede social como o ask.fm... é preciso ter coragem. É preciso ter os tomates no sítio ou, caso seja rapariga, TER TOMATES. AnonimA, se estás a ler isto, fica sabendo que te admiro do fundo do meu coração. Talvez um dia possas concretizar o teu sonho. Inspiraste-me. Um grande fistbump para ti.
A moça tanto me inspirou, que galardoei-a com um vídeo de mim (vestido, claro), a dar uma voltinha. Ainda trocamos mais uns bitaites aleatórios, mas provavelmente chegou a hora dele entrar no seu turno no pingo-doce, e o homem deixou de responder.

Caso se estejam a perguntar porque é que troquei o sexo do/a anonimo/a, é porque desconfio, sinceramente, que foi um daqueles pedófilos marados que gosta de rapazes menores de idade mas que parecem maiores. Tipo aqueles que gostam de mulheres com cara de miúda de 14 anos, mas ao contrário.

E foi este o acontecimento mais emocionante do dia, no ask.fm. Sintam-se livres de me mandar as perguntas que quiserem. Só não peçam para fazer um vídeo em cima de uma mesa a fazer o helicóptero.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O Fernando pensou-a.

Pois é. Hoje não fui a português. Os meus brônquios decidiram que tinham saudades uns dos outros e começaram a dar uns abraços, e tive de ficar em casa até a porcaria da crise passar.
Mas o facto de não ter ido a português evoca um tema interessante para falar. O tema que me tem perseguido incansavelmente, insaciavelmente, desinteressantemente, ao longo destes santos 2 meses de aula. E o tema não é nenhum nem outro do que Fernando Pessoa.

Eh pá, eu não sei se alguém algum dia teve 20 no exame de português. Mas, caso essa alma tenha existido... quero um bocado do que quer que ele tenha fumado. É que para ter agilidade mental para encarar, de punho em riste com a caneta nos dedos, as curvas e contracurvas da lógica Pensouana é preciso estar num estado muito muito alterado. E não estou a falar de alterado tipo "ah e tal fumou um charro". Nada disso. Tou a falar de alterado como em plantou marijuana nos pulmões e engoliu um fosforo aceso.
O homem (o Pensou-a) é um paradoxo ambulante. Um gajo começa nas aulas a ouvir a professora a falar das cenas dele, que é um gajo que intelectualiza bué e tal, que se sente sozinho e coiso, fingimento poético para ali, heterónimos para acolá. E há uma coisa que todos os professores (bem, pelo menos com a minha foi assim), insistem em martelar nas nossas cabeças nas primeiras 10 aulas de Português de 12º: "Fernando pessoa bota a razão acima da emoção".
E fazem bem. Um gajo interioriza isto, faz as cenas a brincar. Eu à custa desta porcaria nunca fiz um trabalho de casa da aula e a stora achava sempre que me aplicava bué! Mas o bonito é quando nos apresentam poemas de amor do gajo. Ou então o poema do céu cinzento.

Então andamos nós 10 aulas a ouvir que o gajo não sente e o caralho, e depois a parte da emoção é que interessa? Aposto que todo o aluno, mas TODO mesmo, de 12º, quando chega a esta parte desta matéria, pensa "MAS QU'ESTA MERDA, PÁ?". Ou isso ou estão tão atentos à aula que nem pensam nada, simplesmente são (aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah, apanharam a referência?).

Outro tema interessante para falar é os azeiteiros. Esta espécie, "Parvalhonos Azeiteirus", está em proliferação massiva. Hoje saí do autocarro, aliviado por não ter caído (diga-se de passagem que o motorista tava a treinar ritmos de bateria com os pedais do acelerador e travão), e comecei a ir para casa. Ainda eram só seis da tarde, mas estava escuro como breu. O vento uivava alto, furando a minha roupa, rasgando-me a pele com milhões de agulhas geladas.
Então um som rasgou o cantar do vendaval e chegou-me aos ouvidos, navegando nas turbulentas ondas do ar enraivecido. Olhei na direcção do barulho, e não consegui conter um esgar de horror.
Apenas a uns 20 metros de mim caminhava um miúdo dos seus 14 anos, magro que nem um pau, de chapéu para se proteger do agressivo sol nocturno, uma camisola a dar-lhe pelos joelhos, colar com "plim-plins" a dançar no seu pescoço descoberto (afinal de contas não era uma t-shirt normal que o gajo usava, era uma daquelas que tem decote maior que os tops das gajas). E o toque de graça, a última peça do puzzle, a piece de resistance, estava na mão dele.

O telemóvel.

O gajo. Estava. A andar na rua. Com. O telemóvel. A berrar dubstep. Encostado ao ouvido.
Mas qu'esta merda afinal? Juro que mal acabe de escrever isto vou redigir uma carta de reclamação à fabrica do Gallo mais próxima! Deixar estas criaturas fugir dos escorredouros e deambular na rua é perigoso! Imaginem que o gajo passava a frente de uma velhinha. A senhora ia cair no chão, coitada! Escorregava de certeza!
É que vocês não sabem, mas estes gajos a escorrer azeite são tipo os caracóis: deixam um rasto por onde andam. É incrível. E aquilo da-lhes um jeitaço do carago! Os gajos não caminham, como uma pessoa normal. Não não. Os gajos deslizam! Eles inclinam-se para a frente, o azeite escorre para a rua por baixo deles, e os gajos vão a deslizar!
Depois há aqueles, que já não são azeiteiros, já são tipo óleo fula, que conseguem DANÇAR enquanto deslizam. Esses gajos é que me partem todo. Ainda noutro dia vi a final de um campeonato internacional de breakdance na Koreia e só pensava "estes gajos à beira dos Oleeiros são uns meninos, pá!". Já viram a coordenação, o equilíbrio e, acima de tudo, a resistência ao medo de fazer figura de urso a ter ataques epilépticos que estes gajos têm? Não é de louvar, mas é de, no mínimo, galardoar com um "Tché, ganda cen'ó máno!"

E bem, desejo-vos agora a todos uma boa noite.
Quando se deitarem não se esqueçam de ver se à azeiteiros debaixo da cama.
Esses gajos são como as raízes.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O Inverno está-se a vir.

Pois é. Para quem conhece Game of Thrones (O jogo dos tronos, ou lá como é em português), digo-vos já: estou a escrever do outro lado da Muralha, e está um Whitewalker aqui ao meu lado a meter fado nas alturas.
Não percebo este tempo. Um gajo olha pela janela, vê um sol radiante, e pensa "Oh carago, hoje nem deve estar assim tanto frio!". Sai de casa com uma sweat ou quê por cima da t-shirt e come com um briol que até faz mingar os tomates. Com este frio deve haver homens a quem os genitais encolheram tanto, tanto, que, quando dão por ela, desenvolveram uma vagina e agora chamam-se Alberta.

 Eu, por acaso, até nem desgosto do Inverno. Ya, está frio e tal, mas há que admitir que sabe bem estar sentado na cama, com cobertores até ao pescoço, a ver uma série, com uma caneca de chocolate quente no meio das mãos, enquanto se ouve a chuva a cair lá fora. O problema é que estes momentos só ocorrem naquelas duas semanas em que um gajo está de férias! Ou nos 3-4 dias em que ficamos de cama por causa da gripe. Porque nos outros fucking dias todos do Inverno! E, em Portugal, o inverno não dura 3 meses, como no resto do mundo. Não. Aqui o Inverno dura bem mais. Pelas minhas contas o do ano passado deve estar prestes a acabar.
E depois os políticos são sádicos, e fazem o pessoal ter aulas nesta altura. Eh pá, em Janeiro do ano passado eu fazia com que aqueles manos que escalam os Himalaias parecessem estar na praia a tomar banhos de sol! E anda um gajo na rua com este tempo, fica constipado, o ranho escorre e congela, vai-se acumulando e daqui a 1 mês andamos todos com estalagmites no nariz!
Isto tem tudo muita piada, mas quero ver como vai ser quando forem a beijar as vossas namoradas e marrarem com os dentes num pau de ranho congelado! Aí é que vamos ver quem ri!

Depois também acho piada às pitas. Sim, vou falar de pitas. Que raio de vloger, bloger, ou qualquer tipo de "oger" português que se preze não fala de pitas? Pois. Lá está.
As pitas são masoquistas, méne. As gajas, com um frio do caralho; mas um daqueles frios mesmo frios, que fazem com que surjam mais Albertas no país; vão para a escola todas despidas! É que já vi pessoas na praia com menos pele à vista. E nem é por andarem semi-nuas, cada um se veste como quer. É por andarem semi-nuas com temperaturas a rondar os -300ºK (piadas de física a esta hora...).
Ainda noutro dia tava a ir para o portão, a ligar o iPod, quase a correr para não levar com a chuva, com 3 camisolas, 1 casaco, duas mantas térmicas e enfiado num saco-cama (caso se estejam a perguntar como se corre dentro de um saco-cama, é tipo corridas dentro de sacos de batatas), e quando olho para a frente tá uma gaja de mini-saia, armada em vibrador, a falar com as amigas. É pá... é gozo.
Tudo bem que elas fazem isso para que as pessoas olhem para elas. Mas não as estou a ver em casa tipo "oh mãe, olha, vou levar estes calções buéd curtos, hum?, que até aquele cinto de cowboy do pai é maior, para a escola, com este frio, para os meninos olharem para mim e pensarem "Esta gaja é mais burra que um oboé"." e a mãe, prontamente, responde que é assim mesmo, que os homens não querem mulheres, querem é oboés, que também tem buraco mas não pede roupas caras nem jantares fora.

Vá lá que pouca gente toca oboé. Assim os genes não se propagam e a espécie morre (ba-dum, tss). Por  acaso é daqueles casos em que vale a pena perguntar qual é marca favorita de vaselina. Mas é ao gajo, que os oboés são fininhos (ba-dum, tss). Caso o gajo diga que não usa, já sabemos que o "prince charles" dele é demasiado magro para a armadura (ba-dum, tss). Depois nem precisa de usar a escovinha para limpar o instrumento: cobre o instrumento dele num pano e tenta fazer fogo ao estilo do pinóquio (ba-dum, tss)